UÉ entrega ao Governo plano para a Cartografia Geotécnica da região dos Mármores de Estremoz-Borba-Vila Viçosa

A Reitora da Universidade de Évora (UÉ) entregou ao Primeiro-Ministro António Costa, um plano para a Cartografia Geotécnica da região dos Mármores de Estremoz-Borba-Vila Viçosa, proposto por geólogos da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) da UÉ. O documento entregue por ocasião da cerimónia de doutoramento honoris causa aos cientistas Alexandre Quintanilha e Pat Sandra, no dia 25 de março, é o contributo da Universidade para o “Plano de Intervenção nas Pedreiras em Situação Crítica”, recentemente aprovado pelo Governo.

Segundo os autores, Luís Lopes, António Pinho e Isabel Duarte, professores do Departamento de Geociências da ECT, a cartografia geotécnica “reveste-se de grande importância”, por permitir “reunir a informação de base necessária à tomada de decisões relativas ao planeamento regional e urbano, contribuindo para a gestão do meio natural, baseando o desenvolvimento numa organização racional do espaço e num aproveitamento equilibrado dos recursos naturais”. Os “aspetos geológicos, geotécnicos e ambientais do meio físico, com repercussões na gestão dos georrecursos e mitigação dos riscos geológicos”, são considerados instrumentos “obrigatórios e essenciais” para a definição dos planos regionais de ordenamento do território.

Um estudo desta natureza é “fundamental” para a designada "Zona dos Mármores" sublimam os autores, a qual abrange sobretudo, os concelhos de Estremoz, Borba e Vila Viçosa, onde se inclui a "Área Cativa" para a exploração de mármores. Esta jazida de mármore é considerada pelos autores, “excecionalmente rica” com maior procura no mercado externo, ocupando uma posição de destaque nas exportações, com “enormes repercussões económicas e sociais a nível regional e nacional”. Em 2018, o Setor das Pedras Naturais em Portugal tinha um volume de negócios superior a €1.050 Milhões e exportou cerca de €379 Milhões para mais de 100 países, ocupando a oitava posição no comércio internacional de Rochas Ornamentais, abrindo portas para o sucesso internacional deste marcado, e um dos principais geradores de emprego.

Os signatários referem que a intensa atividade extrativa na faixa marmórea alterou a qualidade do meio ambiente afetando a sua componente geológica, ecológica e paisagística, “chegou-se a uma situação que a médio prazo poderá levar à inviabilização da exploração deste importante georrecurso mineral, apesar das reservas estimadas apontarem para volumes, que à maior taxa anual de produção alcançada até à data, e não ultrapassando os 100 metros de profundidade, permitiriam uma exploração por um período superior a 500 anos".

O documento agora apresentado pela UÉ pretende identificar e caracterizar os riscos geológicos, causados pelos fenómenos geodinâmicos que afetam a superfície terrestre, nomeadamente os movimentos de terrenos de diferentes dimensões e características, os quais podem causar vítimas e afetar direta ou indiretamente, as atividades económicas da região, uma vez que, muitas das medidas preconizadas nunca foram implementadas, porque como sublinham, “até mesmo os planos de ordenamento não alcançaram os objetivos a que se propunham, pelo que urge uma visão holística, considerando todos os trabalhos previamente realizados e complementando a informação com dados não considerados anteriormente”.

A Universidade de Évora há três décadas que tem acompanhado e contribuído para a evolução do setor dos mármores. A contribuição da Engenharia Geológica na área do Planeamento Regional tem demonstrado que a elaboração de Cartas Temáticas, constitui a metodologia mais adequada para fundamentar as decisões a nível do planeamento regional e ordenamento do território, que nos últimos anos esteve envolvida em diversos projetos especificamente orientados para as rochas ornamentais, através do estudo da cor de mármores e calcários, desenvolvimento de soluções tecnológicas de evolução da extração de pedra natural para a indústria, investigação de tecnologias avançadas e software para a pedra natural, ou na competitividade da mesma, pelo controlo da qualidade de blocos em rochas ornamentais, ou inovação tecnológica do calcário azul e sua alteração cromática. Estes exemplos ilustram o empenho da Universidade de Évora em se comprometer com o desenvolvimento do setor das Rochas Ornamentais em Portugal. 

De referir que, após o fim da atividade desenvolvida pelo Centro Tecnológico para o Estudo e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais (CEVALOR), a Universidade de Évora adquiriu o Laboratório de Ensaios Mecânicos, parte integrante do centro, a principal entidade nacional que realizava os ensaios requeridos pelas empresas e indispensáveis para a exportação das rochas ornamentais extraídas e/ou processadas em Portugal. Para a UÉ, a aquisição deste laboratório implicou, para além do investimento na aquisição, a adaptação e adequação de laboratórios e ainda a formação de recursos humanos especializados. O processo de instalação de todos os equipamentos encontra-se em fase terminal estando, desde já, a Universidade de Évora em condições de dar resposta às solicitações das empresas, que, acrescente-se, têm sido numerosas.

Publicado em 29.03.2019
Fonte: GabCom | UÉ