É necessário dotar o nosso país de construção antissísmica

Mourad Bezzeghoud, investigador do Instituto de Ciências da Terra da UÉ, sublinha a necessidade de dotar o nosso país de construção antissísmica. O alerta foi deixado numa sessão que decorreu no Fórum Lisboa no passado dia 12 de abril.

A iniciativa promovida pela Assembleia Municipal de Lisboa, contou com a colaboração de diversos especialistas na área da sismologia, com o objetivo de reunir recomendações para a elaboração de um relatório que dará origem a uma Deliberação com recomendações deste órgão à Câmara Municipal.

Mourad Bezzeghoud, geofísico e professor da Escola de Ciências e Tecnologia da UÉ, destaca que, para uma avaliação correta de todos os fatores de risco envolvidos e de todas as medidas possíveis de prevenção, proteção e mitigação das consequências adversas, é necessário aumentar a resiliência e a coesão de uma região - sismicamente perigosa – o que passa evidentemente, pelo desenvolvimento de uma política de prevenção.

A avaliação sísmica e reabilitação de edifícios e infraestruturas públicas são “da máxima importância”, exigindo alargar a aplicação do “Eurocódigo 8”, e aplicar convenientemente as normas de construção antissísmica às construções antigas. Sobre este ponto, Mourad Bezzeghoudesclarece, ainda, que o objetivo não é necessariamente que o edifício não sofra nenhum dano, mas que eventuais danos  não ponham a vida das pessoas em perigo”.

Para o investigador, é, por isso, fundamental e urgente que as autoridades responsáveis promovam campanhas de informação, formação dos técnicos de organismos e instituições públicas e desenvolvimento de novas tecnologias em matéria de sismos.

Recorde-se que, de acordo com Mourad Bezzeghoud, geofísico co-autor do artigo científico publicado em 2017 na revista Sismological Research Letters, “o perigo sísmico no continente e Açores é significativo” e que as áreas de maior concentração demográfica coincidem com as zonas com intensidades sísmicas observadas mais elevadas, situação que, alerta o investigador, “conjugada com a inadequada capacidade de grande parte do nosso edificado resistir satisfatoriamente a fortes solicitações sísmicas” coloca “uma parte importante da população portuguesa numa situação de risco sísmico considerável”.

Publicado em 11.05.2018
Fonte: GabCom | UÉ